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Território, luta e educação : dimensões pulsantes nos enfrentamentos dos conflitos socioambientais mapeados no Quilombo de Mata Cavalo

Autor(a): Moreira, Déborah Luíza

Orientador(a): Silva, Michelle Tatiane Jaber da

Resumo

Esta pesquisa apresenta um olhar sobre o território, a luta e a educação em uma comunidade quilombola que ao longo de 126 anos vem resistindo as diversas violações de direitos para viver no local onde seus antepassados viveram. Essa população vem forjando táticas de resistências aonde a luta por educação escolarizada tem sido fundamental para r-existência do grupo. Pressupondo natureza e cultura como dimensões inseparáveis, os acúmulos da educação ambiental não neutra e as experiências de educação popular foram terreno fértil para o diálogo entre educação ambiental popular, conflitos socioambientais, justiça ambiental, direitos humanos e da Terra. A educação enquanto ato radical tem o potencial de questionar a ordem injusta que naturaliza a desigualdade e por meio da pesquisa e da produção do conhecimento pode aumentar a visibilidade das lutas de grupos marginalizados pelo sistema econômico e pela conformação da colonialidade. Este ato educativo radical, é um passo importante para o fortalecimento destes grupos e para construção de sociedades justas e democráticas. Destarte, esta pesquisa se propõe a mapear com os/as quilombolas de Mata Cavalo (Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso) os conflitos socioambientais vivenciados pela população e compreender de que maneira a escola local tem contribuído para o fortalecimento da luta e da resistência. O complexo quilombola de Mata Cavalo é formado por seis comunidades: Aguassu, Estiva/Ourinhos, Mata Cavalo de Cima, Mata Cavalo de Baixo, Mutuca e Capim Verde. Está localizado no município de Nossa Senhora do Livramento, distante aproximadamente 55 quilômetros da Capital do estado. Situado em área de transição entre os Biomas Cerrado e Pantanal, o quilombo possui exuberante paisagem que tem sido alterada principalmente em função da expropriação do território por fazendeiros, grileiros e garimpeiros. A práxis pesquisante, ou metodologia, foi direcionada pela Cartografia do Imaginário e pelo Mapa Social. Para obtenção das informações que compõem esta viagem investigativa realizamos entrevistas, encontro de mapeamento participativo dos conflitos socioambientais e oficina de mapa social. Participaram destas atividades moradoras/es da comunidade, estudantes e professoras da Escola Estadual Tereza Conceição de Arruda. Em todas as etapas da pesquisa foram denunciadas situações de injustiça ambiental e violações de Direitos Humanos e da Terra. Os conflitos socioambientais se dão entre quilombolas e o Estado; quilombolas e fazendeiros; quilombolas e sem terras (não ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra-MST); e entre quilombolas e quilombolas. Oito são as causas propulsoras dos conflitos: disputa por terra, especulação Imobiliária, desmatamento, pecuária, queimadas, garimpagem de ouro, disputa por água e uso de agrotóxicos. Nesta trama de disputa territorial e conflitos socioambientais a educação escolarizada tem se constituído em forte tática de luta e resistência, que por meio das disciplinas curriculares, dos projetos escolares e do cultivo de vínculos fecundos entre escola e comunidade vem tateando caminhos possíveis para fortalecer a luta pelo território e por uma vida digna.

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