kilombo

Relações e interações raciais entre universitários negros e brancos no curso de Pedagogia e Direito da UFMT : (re) construção de identidades na contemporaneidade

Autor(a): Michelangelo Henrique

Orientador(a): Castilho, Suely Dulce de

Resumo

A pesquisa realizada, que resultou na presente tese de doutoramento, está vinculada à linha de pesquisa Movimentos Sociais, Política e Educação Popular, e ao Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Quilombola – PPGE/UFMT. A tese se dispõs a responder a seguinte problemática: Como se deu o processo de reconfiguração identitária no contexto da comunidade acadêmica como estudante cotista? Buscou-se resposta a essa questão nas relações e interações sociais e raciais de estudantes universitários negros e brancos, dos Cursos de Pedagogia e Direito da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso – UFMT. Objetivou-se compreender a construção e reconstrução de identidades de estudantes universitários negros no contexto de relações e interações com universitários brancos nos Cursos de Pedagogia e Direito da UFMT. Utilizou-se o método estudo de caso, com uma abordagem qualitativa, aplicando-se duas técnicas de pesquisa para coleta de dados, dividindo a pesquisa empírica em duas etapas. Na primeira etapa, utilizou-se um questionário a todos os estudantes universitários dos Cursos de Pedagogia e Direito. Na segunda etapa, aplicou-se uma entrevista semiestruturada a cinco estudantes universitários do Curso de Pedagogia e cinco do Curso do Direito, sendo todos eles cotistas raciais, cotistas sociais e estudantes não cotistas. Ainda em uma perspectiva metodológica, utilizaram-se os conceitos de campo, habitus e estrutura social a partir de Bourdieu (1989). Como fundamentos teóricos centrais, utilizou-se a concepção de racismo estrutural de Almeida (2018), a de habitus racial em Miranda (2017) e Monsma (2013) e, referente ao contexto das ações afirmativas, optou-se pelo conceito de oxigenação de Santos (2016). A pesquisa evidenciou que identidades raciais são construídas nas relações e interações sociais e raciais, submergidas em relações de poder, relações essas que não se limitam a uma constituição hierárquica explícita, em que há a atuação de uma única força, a dominante, mas, sim, a atuação também de uma força contrahegemônica, uma força fundada na lógica política ideológica afirmativa, produto da lutas e conquistas de movimentos negros, intelectuais, grupos e núcleos de pesquisas que promovem uma luta antirracista. Essa força contra-hegemônica encontra em ascendência e se opõe à lógica política ideológica do branqueamento, que é moldada pela mítica democracia racial que se desdobra em um habitus racial dominante construído desde a gênese da constituição do Estado Brasileiro. Assim, os resultados corroboraram para uma tese verossível de construção identitária pautada nas múltiplas noções identitárias, evidenciando em que relações de poder elas estão submergidas e como os sujeitos transitam de uma noção identitária a outra se dinamizando identitariamente no contexto social e racial.

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