Autor(a): Santos, Elizete Gonçalves dos
Orientador(a): Silva, Regina Aparecida da
Resumo
As comunidades quilombolas no Brasil lutam até hoje pelo reconhecimento de suas terras, culturas e pelo acesso a direitos básicos para a permanência de seus povos e saberes. Com o aparato de políticas públicas – leis, programas e decretos – a situação dessas comunidades tem melhorado, mas a luta persiste. Nossa pesquisa buscou compreender a percepção de gênero e ambiente de sujeitos jovens estudantes do ensino médio da Escola Estadual Professora Tereza Conceição de Arruda, localizada na Comunidade Negra Rural do Quilombo de Mata Cavalo, no município de Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso. No percurso, utilizamos como método a abordagem qualitativa, tendo como metodologia o Estudo de Caso, devido ao interesse no aprofundamento das especificidades das compreensões de gênero e ambiente do grupo escolhido. Foram realizadas onze entrevistas com os estudantes tanto do sexo feminino como do masculino. Além das entrevistas, realizou-se uma oficina temática com bonecas de algumas etnias (Branca, Preta, Amarela), com o objetivo de colher histórias, interpretações dos jovens a respeito das relações pesquisadas. As mulheres da comunidade apresentam uma longa trajetória de lutas pela posse definitiva da terra, pelo direito de viver sua cultura, por construírem sua identidade. No entanto, os jovens participantes da pesquisa demonstraram pouco envolvimento com a luta histórica da comunidade. Eles e elas expressam conhecer o histórico dos embates, por meio de histórias contadas pelos mais antigos da comunidade. O ambiente quilombola foi descrito pelas/os jovens como o lugar da origem de suas famílias, espaço em que podem construir suas identidades ligadas à matriz africana. Já acerca das relações de gênero na comunidade, os jovens relatam papéis diferenciados e fixos para homens e mulheres. Permanecem muitos estereótipos em relação às mulheres, como o seu pertencimento ao espaço doméstico. Ao masculino, caberia, o espaço público. Tal divisão provoca situações paradoxais dentro da comunidade, visto que, como já mencionado em outras pesquisas, as mulheres tomaram a frente das lutas públicas contra a expropriação de suas terras. Esperamos que essa pesquisa possa colaborar para ampliar a visibilidade de tal grupo e traga reflexões que despertem o compromisso à luta das/os jovens quilombolas de Mata Cavalo.