Autor(a): Cristiane Carolina de Almeida Soares
Orientador(a): Regina Aparecida da Silva
Resumo
Os caminhos que originaram esta dissertação têm uma relação profunda com a retomada das manifestações artísticas e culturais fundamentais no processo de educação popular, que fortalecem o saber e a luta pelo direito da ocupação e permanência no território ancestral da comunidade quilombola de Mata Cavalo, que resiste à margem do poder e produz seu conhecimento à consagração de sua própria desigualdade. Este local representa um território rico em saberes, fazeres e também de conflitos. Sua história é marcada por uma infinidade de preconceitos que resultaram em uma política de exclusão social. Nosso objetivo foi realizar um mapeamento social com ênfase na cultura da comunidade quilombola de Mata Cavalo, por meio dos diálogos da arte-educação-ambiental. Ao trilhar caminhos metodológicos, inspiramo-nos na metodologia Mapa Social, que buscou os aspectos culturais enquanto táticas de resistência para fortalecer este grupo no enfrentamento dos conflitos e na defesa do território. Cartografando as dimensões dialógicas que entrelaçam a arte, a cultura e a natureza, buscamos possibilidades educativas da valorização quilombola. Reunimos percepções e buscamos autonarrativas que pudessem traduzir as lutas, os sonhos e desejos coletivos desta comunidade. Diálogos da arte-educação-ambiental foram estabelecidos, de forma a dar visibilidade a este quilombo, em suas multiplicidades. Ao visualizar as manifestações culturais quilombolas, pudemos reunir e apreciar as quatro dimensões mapeadas no caminhar pesquisador: os marcos históricos, as expressões artísticas, as comidas típicas e as festas, por onde a arte-educação-ambiental promove seus diálogos. A inspiração sociopoética nos ofertou a beleza de estar em comunhão com um grupo pesquisador que sente a educação ambiental, por meio de diálogos e alianças, apontando a construção progressiva de uma sabedoria partilhada e sensível entre as/os pesquisadoras/es e a comunidade quilombola. Em todos os aspectos etnográficos, foram encontradas pessoas de referência como fortalecedoras da resistência neste quilombo, que representaram uma atuação importante durante todo o desenhar desta pesquisa: nas entrevistas, na construção dos mapas e em todos os momentos dialógicos. Nos resultados desta caminhada investigativa, o mapeamento participativo promoveu discussões e reflexões acerca do enlace entre a arte, cultura e a natureza, e o desejo de visibilidade que pulsa no coração deste povo. Em muitos momentos pudemos observar que o esperançar desta comunidade ecoa nas labutas, onde a educação ambiental, a arte e a cultura exercem um importante papel articulador, em espaços escolarizados ou não, que se tornaram territórios de luta legítima pela manutenção dos hábitos dos antepassados quilombolas