kilombo

Dança do Congo : educação, expressão, identidade e territorialidade

Autor(a): Oliveira, Herman Hudson de

Orientador(a): Sato, Michele Tomoko

Resumo

No município de Nossa Senhora do Livramento também conhecido como Livramento, localizado na rodovia MT-060, em direção ao Pantanal mato-grossense e que dista cerca de 40 quilômetros da capital do estado, Cuiabá, ocorre a Dança do Congo, manifestação artística característica de comunidades negras rurais. Este teatro-ritual representa a guerra entre dois reinos (provavelmente Congo e Angola) e tem como centro da disputa uma questão territorial. A base desta expressão artística que reúne cenografia, coreografia, drama e música, é a devoção a São Benedito e acontece nos meses de abril e julho, respectivamente em Livramento e Mutuca. Nasce na Mutuca que fica dentro do complexo quilombola Sesmaria Boa Vida – Mata Cavalo, dividida, portanto, numa de suas seis associações. As bases históricas e etnográficas foram investigadas na intenção de compreender se a musicalidade do Congo tem relação ambiental e de que maneira este conhecimento se desdobra em reinvenção pedagógica. Tanto pelos seus dançantes e pela história que narram, a Dança do Congo também passa por um processo diaspório e identitário na medida em que as possíveis pedagogias ambientais e noções territoriais jogam na ressignificação e atualização de sentidos históricos e etnográficos pertencentes ao quilombo. Todavia componentes de caráter socioeconômico e socioambiental interagem e interferem nas dinâmicas temporais e territoriais desta teia de significados e relações tomando como principal elemento as relações de poder. Sinergicamente à racionalidade moderna, o capitalismo pressiona as comunidades e suas expressões para entre lugares da cultura e do sentido dos sujeitos em relação a seus territórios de origem, requerendo outras formas de pensar a si e a sua arte. No entanto, um elemento iconográfico, São Benedito, se instala como fio condutor dos elementos identitários, territoriais e artísticos justamente no ponto em que as comunidades negras se reinventaram, na religiosidade.

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