kilombo

Conflitos socioambientais e mudanças climáticas sob o olhar das juventudes camponesas de Poconé – Mato Grosso

Autor(a): Bertoncello, Jucieli

Orientador(a): Silva, Michelle Tatiane Jaber da

Resumo

Nesta pesquisa buscamos compreender as percepções das juventudes camponesas sobre os conflitos socioambientais e as mudanças climáticas existentes na comunidade tradicional Nossa Senhora de Lurdes (conhecida como Zé Alves) e na comunidade Remanescente de Quilombo Laranjal, ambas localizadas no município de Poconé-Mato Grosso, local conhecido como “Cerrado do Pantanal”. Ressaltamos que os conflitos são decorrentes das disputas desiguais entre grupos sociais vulneráveis que têm sua cultura, identidade e território ameaçado por grupos dominantes, especialmente do agronegócio, que transformam os bens naturais em recursos para atender a lógica economicista, pautadas no produtivismo e consumismo. No Cerrado do Pantanal, lócus desta pesquisa, os desmatamentos realizados para a introdução da monocultura, somado a pecuária e ao garimpo tem motivado conflitos entre os donos desses grandes empreendimentos e as populações que sobrevivem basicamente do extrativismo e da agricultura familiar camponesa. Essas atividades econômicas também são responsáveis pelo aumento dos desastres relacionados às mudanças climáticas, essas recaem de modo desproporcional sobre diferentes grupos presentes nestes territórios em função da vulnerabilidade social e econômica. Neste contexto, a presente pesquisa encontra-se inscrita no projeto intitulado Rede de Educação Ambiental e Justiça Climática (REAJA) coordenado pelo Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA), sendo uma rede multidisciplinar que busca entender os fenômenos climáticos e os desastres que afetam de forma contraditória, desigual e injusta diferentes grupos sociais. A proposição investigativa apoia-se no método qualitativo, tendo como táticas metodológicas o Mapa Social que busca evidenciar os grupos invisibilizados e as injustiças socioambientais que transformam-se em conflitos à medida que a resistência e mobilização vão se instaurando nos territórios. Para obter as informações que compõem esta pesquisa, realizamos sete trabalhos de campo, dois seminários de mapeamento com as comunidades inseridas no Cerrado do Pantanal, doze entrevistas semiestruturadas com as juventudes das comunidades Zé Alves e Laranjal, ademais fontes secundárias (relatórios, artigos e censos) sobre as comunidades pesquisadas. Por intermédio do mapeamento foram registradas seis causas propulsoras de conflitos: disputa por terra, desmatamentos, queimadas, garimpo, disputa por água e uso de agrotóxicos que ocorrem principalmente entre quilombolas e fazendeiros; assentados e fazendeiros; povos tradicionais e fazendeiros; e entre quilombolas e quilombolas. As narrativas das juventudes evidenciaram cinco causas, desconsiderando apenas a existência de garimpo. Assim, ao dar visibilidade aos quilombolas, povos tradicionais e assentados presentes neste território; aos conflitos socioambientais e as mudanças climáticas por meio do olhar das juventudes representa mais que uma tática de democratização das informações, mas a busca por uma sociedade mais justa e democrática.

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